segunda-feira, 29 de março de 2010

Do outro lado da ponte (MArla de Queiroz)

Vasculhando nas memórias algum assunto, encontrei a carta que eu rabisquei na capa de um livro: “pra você”, era o destinatário. Não sei por que não mandei, talvez não quisesse passar a limpo o passado. Em letras garrafais eu te dizia: “acertei o caminho não porque segui as setas, mas porque desrespeitei todas as placas de aviso”. E achei curioso eu usar essa metáfora sem nem ao certo saber o que queria te dizer com isto.E depois de repousadas aquelas palavras eu percebi quanta coisa eu escrevi pra você, querendo dizer pra mim. Porque eu jamais chegaria aonde cheguei se só andasse em linha reta. Tive que voltar atrás, andar em círculos, perder dias, perder o rumo, perder a paciência e me exaurir em tentativas aparentemente inúteis pra encontrar um quase endereço, uma provável ponte: a entrada do encontro.Você tão ocupado com seus mapas, tão equipado com sua bússola, demorou tanto, fez sinais de fumaça e não veio. Você simplesmente não veio. Mas me ensinou a intuir caminhos certos, a confiar nos passos, a desconfiar dos atalhos. Porque eu estava do outro lado e só. Sem amparo. Mas caminhava. E você estava absolutamente equipado com seu peso. E impedido de andar por seus medos.
(Marla de Queiroz)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Engraçado, essa semana estava conversando sobre a Clarice lispector e me falaram que as pessoas geralmente se enganam ao citar a autora, ela é complexa demais pra ser citada por pessoas normais rs. Mas, eu acho que não sou normal, sendo assim posso cita-la..

"... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso."

Clarice Lispector

terça-feira, 9 de março de 2010

Amar é verbo..

Não existem coisas sem solução no meu passado, principalmente se existem sentimentos meus envolvidos nisso. Ah! Ao menos ai eu posso falar: - Eu me amo! rs ( que orgulho =D ) Eu nunca deixo sentimentos guardados, a espera de um reencontro para que tudo aconteça novamente, minha vida ñ é novela mexicana pra ter reviravolta com segredos e sentimentos guardados. Eu amei?! É, eu acho que sim. Amar é um verbo transitivo direto, mas eu vou além e digo.. amar é verbo transitivo direto quando o conjugamos no presente ou no futuro.. mesmo que o futuro seja imperfeito rs, mas no passado o amar passa a ser verbo intrasitivo.. ñ existe nenhum complemento que explique o que vc amou ou o pq acabou, mas chegou ao fim! Rotas diferentes, falta de sincronia, falta de querer de alguma das parte.. o caso é que termina e é cruel perguntar, amou o que?! E a resposta a ser dada seria:- Nada! Pq eu amei.. e quando eu amo eu vou até o final do sentimento, não resta nada depois e o que resta não é nada que se tenha amado.. se amei já ñ lembro.. e pronto. Eu hj amo e é um verbo totalmente realizado, com todos os objetos e complementos possíveis.. é vc quem me faz plena ( mesmo com os contratempos) e sinceramente o resto é bem resto pra mim. Eu vi uma frase que me chamou atenção: "- Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: adivinha quem chegou? O Amor." Carlos Drummond de Andrade, é bem por ai!